A Câmara Municipal de João Monlevade realizou, na tarde da última quinta-feira (30), uma Audiência Pública para discutir a infraestrutura e o melhor aproveitamento do Viveiro Municipal. O encontro foi proposto por meio do Requerimento nº 69/2025, de autoria do vereador Bruno Cabeção (Avante).
Bruno abriu a reunião destacando seu vínculo pessoal com o bairro onde o viveiro está localizado. “Cresci na região e, no passado, este era um ponto de convivência e lazer da comunidade”, afirmou. O vereador ressaltou que o espaço, com cerca de 15 mil m², tem grande potencial de revitalização e pode voltar a ser um local de lazer e valorização ambiental. Ele sugeriu ainda a integração do viveiro ao Parque do Areão, aproveitando investimentos já realizados, como o cercamento do parque.
O parlamentar também reconheceu as dificuldades enfrentadas pelos servidores, lembrando que o viveiro conta atualmente com apenas três funcionários. “É preciso fazer mais com menos”, pontuou, defendendo parcerias públicas e privadas para potencializar o espaço. Bruno destacou ainda que, por João Monlevade ter uma área territorial pequena (98 km²) e uma população de cerca de 80 mil habitantes, cada metro quadrado da cidade precisa ser valorizado.
O presidente da Fundação Parque do Areão, Samuel Domingues, relatou os desafios enfrentados, como invasões e vandalismo, devido ao cercamento danificado. Segundo ele, câmeras de segurança e um novo padrão elétrico foram adquiridos para reforçar a vigilância e evitar furtos e depredações. Samuel também destacou avanços alcançados desde 2021, como cursos de compostagem, cultivo de plantas medicinais e aromáticas e o projeto “Bosque do Amanhã”, que transformou uma área antes usada como depósito irregular de lixo em um espaço verde recuperado.
A vereadora Maria do Sagrado (PT) lamentou o baixo público presente e reforçou a importância da preservação dos espaços verdes, em especial diante da alta densidade demográfica do município.
A secretária municipal de Meio Ambiente, Fernanda Ávila, defendeu a transformação de áreas públicas em “espaços educadores sustentáveis”, que unam educação ambiental, convivência comunitária e preservação. Ela sugeriu parcerias com escolas e universidades, e mencionou o projeto de catalogação e recuperação de nascentes urbanas, que já registrou 64 nascentes. Fernanda também demonstrou preocupação com o aumento dos pedidos de poda e corte de árvores, em contraste com o número reduzido de novos plantios.
O Tenente Rubens Nery, do Corpo de Bombeiros, destacou que a ocupação comunitária e educativa dos espaços ambientais é uma forma eficaz de prevenção a incêndios, depredações e desmatamentos. Ele citou exemplos de Belo Horizonte, onde as áreas com maior participação comunitária têm índices menores de queimadas. O tenente se colocou à disposição para promover treinamentos práticos no viveiro e sugeriu atividades educativas e culturais com escolas e projetos sociais, como o Bombeiro Mirim.
Moradores e representantes da comunidade também participaram da audiência, reforçando o valor histórico e afetivo do viveiro. Rita de Cássia Azevedo Freitas, moradora do bairro Laranjeiras, contou como transformou a entrada do local em um pequeno jardim, melhorando o visual e reduzindo a sujeira.
A representante da UFOP, Karla Moreira Vieira, destacou a importância de integrar o viveiro às atividades acadêmicas e relatou que o campus recebeu mais de 700 alunos em visitas pedagógicas neste ano. Ela ressaltou a necessidade de maior divulgação das ações desenvolvidas no espaço e propôs um diagnóstico técnico para identificar as principais demandas do viveiro, como melhorias estruturais, cercamento e requalificação da área.
O ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Djalma Bastos, lembrou que o viveiro já foi referência na produção de mudas de árvores e hortaliças, servindo como ponto de apoio para escolas e comunidades. Ele defendeu a recuperação dos bolsões verdes abandonados na cidade.
A representante do SINTRAMON, Letícia Gouveia, citou o tema do “Grito dos Excluídos” deste ano, que trouxe a ecologia e o cuidado com a “casa comum” como eixo central. Ela destacou que o viveiro é um espaço de grande potencial, mas enfrenta abandono e falta de estrutura, sendo mantido quase que exclusivamente pelo esforço do servidor responsável.
O servidor Walter Viana relatou que, mesmo com recursos limitados, o viveiro produziu e distribuiu cerca de 5 mil mudas nos últimos quatro anos, e sugeriu ações educativas com crianças e pais para ampliar a valorização do espaço. O professor Sávio Corrêa, da UFOP, reforçou que as universidades podem contribuir com projetos de extensão voltados à educação ambiental, social e cultural.
A coordenadora do Colégio de Formação Preparatório Militar, Manuela Félix Carvalho Ramos, propôs envolver os alunos como multiplicadores das práticas ambientais, com apoio de instrutores e instituições locais.
Encerrando o debate, o vereador Thiago Titó destacou a importância da preservação das nascentes e do plantio de árvores em áreas como o bairro Planalto, defendendo políticas de proteção para garantir água e vida às futuras gerações.
Ao final, foi definido que todos os pontos discutidos serão reunidos em um documento oficial a ser encaminhado ao prefeito,




