O presidente Lula anunciou, nesta quarta-feira (3), que o Brasil deve receber em breve novas medidas de isenção de tarifas aplicadas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. A expectativa foi confirmada após uma conversa telefônica de 40 minutos com o presidente Donald Trump, realizada nesta terça-feira. A ligação, considerada “muito produtiva” por autoridades brasileiras, tratou de comércio bilateral e também de cooperação no combate ao crime organizado.
De acordo com o governo brasileiro, Trump já havia autorizado recentemente a retirada da sobretaxa de 40% sobre diversos produtos agrícolas e agroindustriais brasileiros, incluindo café, carne bovina, frutas tropicais, suco de frutas e outros itens. Apesar disso, cerca de 22% das exportações seguem sujeitas a tarifas adicionais, e há setores inteiros ainda afetados pelas restrições.
Lula destacou que, embora a revogação recente seja “um passo na direção certa”, há uma lista mais ampla de produtos sobre os quais o Brasil busca negociar novas remoções das sobretaxas. Em entrevista à televisão, o presidente classificou a conversa com Trump como “extraordinária” e disse que, além de retomar o comércio sem os entraves tarifários, quer avançar “rápido” nas negociações para eliminar de vez as barreiras que ainda persistem.
Segundo a Presidência da República, a expectativa é que novas decisões sejam anunciadas em breve, em um movimento que, se concretizado, pode beneficiar fortemente setores como agricultura, alimentos processados e commodities brasileiras. O governo também afirma que a iniciativa busca garantir estabilidade às exportações e assegurar o mercado externo para produtores nacionais.
Repercussão sobre o comércio e tensões recentes
A imposição de tarifas pelos EUA em 2025 atingiu cerca de metade das exportações brasileiras para aquele país, gerando forte reação de autoridades e empresários no Brasil. Desde então, o governo brasileiro vem adotando a via diplomática, buscando apoio de empresas americanas e aliados internacionais para pressionar por reversão das medidas.
A recente decisão de Trump de remover a sobretaxa de 40% sobre dezenas de produtos foi considerada pelo governo brasileiro como “uma vitória significativa”, mas as autoridades mantêm o alerta: ainda existe uma parcela expressiva das exportações sujeita a tributos extras, além de setores estratégicos como aço e alumínio que continuam penalizados. Por isso, as negociações continuam e serão intensificadas nas próximas semanas.
Durante o telefonema desta terça-feira, Lula e Trump também dialogaram sobre cooperação para o combate ao crime organizado e lavagem de dinheiro, tema que, segundo o Palácio do Planalto, serviu para reforçar a parceria bilateral além das questões comerciais.
O que esperar daqui para frente
Com o foco em retomar o comércio bilateral em termos mais favoráveis e abrir mercados para exportadores brasileiros, o governo aposta que as novas revogações podem ser anunciadas ainda nas próximas semanas. Se as negociações avançarem e se os compromissos forem cumpridos, o Brasil poderá recuperar a competitividade de importantes setores exportadores, além de fortalecer sua relação econômica com os Estados Unidos.
Do lado brasileiro, o resultado representaria alívio para produtores e empresas afetadas pelas tarifas. Já para o consumidor americano, a espera é por preços menos pressionados em produtos importados do Brasil. Para muitos analistas, o novo momento pode marcar o início de uma fase de descompressão nas tensões comerciais entre os dois países, desde que o diálogo siga aberto e as negociações avancem com pragmatismo e bom senso.





