Municípios mineiros pressionam bancada federal por mais recursos para a duplicação da BR-381

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Pelo menos 32 municípios mineiros estão se mobilizando para pressionar deputados e senadores da bancada federal de Minas Gerais em Brasília por mais recursos para a tão aguardada duplicação da BR-381, trecho entre Belo Horizonte e Caeté. A articulação tenta complementar os R$ 96,4 milhões já previstos no orçamento de 2026, valor considerado insuficiente diante dos cerca de R$ 650 milhões necessários apenas para iniciar as obras no trecho administrado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

A estimativa inclui R$ 350 milhões para intervenções de pista, R$ 150 milhões para desapropriações e outros R$ 150 milhões destinados ao reassentamento de aproximadamente 2 mil pessoas. O movimento busca que parte das emendas impositivas da bancada — que somam R$ 415,7 milhões — seja destinada à BR-381. A expectativa é assegurar pelo menos R$ 200 milhões desse montante e, paralelamente, convencer o governo federal a complementar o restante para que os trabalhos realmente comecem em 2026.

As prefeituras, câmaras municipais e entidades de classe dessas cidades — incluindo Belo Horizonte, Caeté, Sabará (especialmente o distrito de Ravena), São Gonçalo do Rio Abaixo e Governador Valadares — organizam reuniões com parlamentares para reforçar a urgência. A rodovia, conhecida como “rodovia da morte”, acumula décadas de sucateamento, trechos perigosos, sinalização precária e gargalos logísticos que impactam diretamente a população e a economia.

O movimento Pró-Vidas da BR-381, coordenado por Clésio Gonçalves, conduz as negociações ao lado do deputado Igor Timo (PSD-MG), coordenador da bancada mineira. Clésio afirma que o objetivo é garantir recursos suficientes para que haja “máquinas na pista em 2026” e cobra empenho dos ministérios federais para que o orçamento seja complementado. “Sem o reforço financeiro, não há obra que comece”, diz.

O contexto histórico reforça a urgência. O trecho BH–Caeté foi excluído dos pacotes de concessões devido ao relevo acidentado, ao número expressivo de desapropriações e aos altos custos. Três leilões anteriores fracassaram. Apenas em 2024 o consórcio Nova 381 assumiu o trecho entre Caeté e Governador Valadares, mas o lote 8A — entre Caeté e Ravena — depende da aprovação técnica de projetos até o fim de 2025, enquanto o lote 8B, que vai de Ravena à capital mineira, sequer tem cronograma definido. O valor federal previsto cobre apenas 10,5% dos R$ 915 milhões estimados para todo o projeto.

Os impactos do atraso se refletem em todos os setores. Eduardo Quaresma, secretário de São Gonçalo do Rio Abaixo, reforça que a precariedade da rodovia compromete o acesso a serviços essenciais, como hospitais de Belo Horizonte, e provoca paralisações constantes por causa de acidentes. Wander Borges, ex-prefeito de Sabará, lembra que os congestionamentos geram prejuízos diários para trabalhadores, empresas e para o próprio governo, que arca com o ônus econômico do tempo perdido e das operações emergenciais. O consultor do Setcemg, Luciano Medrado, destaca que a velocidade média dos veículos pesados despencou ao longo dos anos, elevando os custos logísticos e a manutenção das frotas, além do impacto social das mortes e feridos.

O DNIT e o Ministério do Planejamento confirmam que os valores previstos ainda dependem de aprovação final do Congresso e reforçam que as obras do lote 8A só poderão começar após a etapa conclusiva de análises técnicas e autorizações. Até lá, municípios e entidades seguem pressionando para que a duplicação avance e deixe, enfim, de ser apenas uma promessa em meio às estatísticas de acidentes e perdas humanas.