Dirigentes avaliam que eventual detenção pode mobilizar base política e pressionar votação da anistia na Câmara
Dirigentes do Partido Liberal trabalham com a possibilidade de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já na próxima terça-feira, 25 de novembro. A expectativa no partido é de que Moraes declare o trânsito em julgado da condenação, etapa que encerra as possibilidades de recurso contra a pena de 27 anos e três meses, imposta por participação em tentativa de golpe de Estado.
Com o trânsito em julgado, torna-se obrigatório o início do cumprimento da pena. Nos bastidores, lideranças do PL avaliam que a prisão pode reforçar o capital político do ex-presidente e aumentar a pressão para que a Câmara dos Deputados avance sobre o projeto de anistia.
A estratégia, segundo fontes ouvidas pela O TEMPO Brasília, é intensificar a cobrança sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que coloque em votação o parecer do relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP). No entanto, o partido já dá como certo que o texto a ser apresentado seguirá o caminho da dosimetria, e não a anistia ampla, geral e irrestrita defendida pela oposição.
Diante disso, parlamentares do PL devem articular uma emenda que amplie a dosimetria e retome a proposta original apresentada pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ). A legenda admite preocupação com o estado de saúde de Bolsonaro e relata clima de apreensão na bancada. Uma liderança afirmou que, para o partido, a prisão é tratada como questão de tempo, comparando o cenário a um “jogo de cartas marcadas” e se referindo a Moraes como um “carrasco”.
Condenação inédita
Jair Bolsonaro completou 100 dias em prisão domiciliar no último dia 12, mas ainda não iniciou o cumprimento da pena definida pela Primeira Turma do STF em 11 de setembro. Esta é a primeira vez na história do país que um ex-presidente é condenado por golpe de Estado. A decisão também torna Bolsonaro inelegível ao menos até 2060.
O acórdão da condenação foi publicado nesta terça-feira (18), abrindo prazo de cinco dias corridos para apresentação dos últimos embargos de declaração. Após o encerramento desse período, caberá ao ministro Alexandre de Moraes decretar o início do cumprimento da pena





