A Polícia Federal (PF) identificou articulações para o destombamento da Serra da Piedade, em Caeté, com o objetivo de liberar a exploração mineral em área protegida.
As evidências constam em um relatório da Operação Rejeito, que analisou mensagens de celular da ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais, Débora Maria Ramos do Nascimento França.
De acordo com o documento, entre 2023 e 2025, Débora França manteve contato com empresários e servidores públicos estaduais, entre eles João Alberto Paixão Lages, Rafael Nogueira Brandão, Helder Adriano de Freitas e João Paulo Martins, então presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha).
As mensagens apontam para intermediação de reuniões, troca de documentos internos e elaboração de contratos de consultoria com o intuito de reverter o tombamento da Serra da Piedade.
O relatório da PF destaca que, em julho de 2025, uma reunião realizada na sede do Iepha, em Belo Horizonte, discutiu de forma explícita o projeto de destombamento, com registro em ata oficial. As investigações indicam que o grupo teria interesse econômico direto, já que empresas envolvidas possuem projetos minerários nas proximidades da área tombada.
Durante as apurações, os agentes federais encontraram um documento de 80 páginas na sede da Minerar Participações, em Nova Lima, que defendia o destombamento com argumentos técnicos considerados falsos pelos peritos.
A Serra da Piedade é reconhecida como patrimônio cultural e ambiental de Minas Gerais. O local abriga o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira do estado, e é protegido como Monumento Natural Estadual, o que impede atividades de mineração e outras intervenções que possam comprometer seu ecossistema e valor histórico.
A Polícia Federal segue investigando os envolvidos e deve encaminhar o relatório ao Ministério Público Federal (MPF) para análise de eventuais medidas judiciais.
