A Câmara Municipal de João Monlevade realizou, na noite desta terça-feira (2), uma Audiência Pública sobre o 31º Grito dos Excluídos – Democracia e Soberania: Cuidar da Casa Comum, em atendimento ao Requerimento nº 60/2025, de autoria da vereadora Maria do Sagrado (PT). O encontro teve como objetivo debater o movimento social e político, denunciando desigualdades sociais, econômicas e políticas enfrentadas por grupos considerados excluídos.
A vereadora Maria do Sagrado, aproveitou a oportunidade para convidar a população para participar do evento do Grito dos Excluídos, que ocorrerá no dia 7 de setembro, com concentração às 7h30 no Sindicato dos Metalúrgicos e saída prevista às 8h30 para a Praça do Povo, onde serão realizadas diversas atividades.
O padre Marcos José explicou que o Grito dos Excluídos ocorre anualmente desde 1995, sempre em 7 de setembro, como um contraponto às comemorações da independência do Brasil, lembrando que ainda não há verdadeira independência sem justiça social. A Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano alterna a realização do evento entre suas regionais, e João Monlevade foi escolhida para sediar a mobilização deste ano. O tema 2025 enfatiza a defesa da democracia e o cuidado com a casa comum, sem vinculação partidária.
Durante o encontro, Aurélio Moreira, representante da CUT, anunciou a realização de um plebiscito popular sobre dois temas: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e o fim da escala 6×1. Além disso, ele abordou a mudança no imposto de renda, propondo maior tributação para quem ganha acima de R$ 50 mil e isenção para quem recebe até R$ 5 mil. A coleta de assinaturas será realizada no dia 4 de setembro, na Praça do Povo, das 9h às 16h, e, segundo Aurélio, representa um instrumento de justiça social, com parte das medidas já em debate no Congresso Nacional.
A presidente do Sintramon, Letícia Gouveia, destacou a importância de abrir os olhos para os excluídos no mundo do trabalho, lembrando da exclusão de mulheres negras e de situações análogas à escravidão, além da perda de direitos com reformas recentes. Já Ediene Romão, da Secretaria de Meio Ambiente, apresentou o Projeto Proagri Saúde, voltado aos pequenos agricultores do bairro Tanquinho I, e enfatizou a importância de políticas ambientais voltadas às periferias e de combate ao racismo ambiental.
O diretor do DAE, José Afonso, chamou atenção para a necessidade de saneamento básico contínuo e preservação dos mananciais, alertando para os riscos da escassez hídrica. Lucimere Leão, da Cáritas, reforçou que o Grito deve ser diário e anunciou a 8ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce, em 9 de novembro, em Mariana, em memória aos 10 anos do crime socioambiental na região.
A coordenadora do Cras Dona Preta, Patrícia Martins, destacou o trabalho da rede de assistência social, incluindo CRAS, CREAS, residência inclusiva, casa de passagem e programas de apoio à população em situação de vulnerabilidade, explicando que se trata de políticas públicas de direito e cidadania, e não de assistência assistencialista. O presidente do Sindmon-Metal, Flávio Paiva, reforçou que a exclusão social invisível é um problema grave, criticou desigualdades e retrocessos, como a reforma da Previdência, e defendeu plebiscitos e manifestações como instrumentos de conscientização.
O assessor de governo, Cristiano Vasconcelos, destacou ações da gestão municipal, como a residência inclusiva e melhorias de infraestrutura no bairro Estrela Dalva, reafirmando o compromisso com políticas sociais consistentes e com o Grito dos Excluídos, reforçando que afeto e trabalho movem a transformação social.
O público presente também participou ativamente, enfatizando a necessidade de acolher e dar visibilidade aos mais excluídos, incluindo moradores de rua, comunidades indígenas, quilombolas, trabalhadores e crianças.
A Audiência Pública evidenciou que a luta contra desigualdades sociais e econômicas depende da mobilização popular, do fortalecimento da cidadania e da implementação de políticas públicas inclusivas, reafirmando o Grito dos Excluídos como um espaço fundamental para reflexão, denúncia e ação social.
A audiência contou com a participação de líderes comunitários, representantes sindicais, vereadores, órgãos públicos e coordenadores de programas sociais, incluindo o padre Marcos José de Almeida, o representante da CUT-Regional Vale do Aço Aurélio Moreira, a presidente do Sintramon, Letícia Gouveia, o presidente do Sindmon-Metal, Flávio Paiva, o diretor do DAE, José Afonso, a diretora da Cáritas, Lucimere Leão, a coordenadora do Cras Dona Preta, Patrícia Martins, a secretária municipal de Meio Ambiente Ediene Romão e o assessor de governo Cristiano Vasconcelos, entre outros.
