O Instituto Médico Legal (IML) divulgou no fim da tarde desta segunda-feira, 1º de dezembro, o laudo oficial sobre a morte de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, conhecido como “Vaqueirinho de Mangabeira”. O jovem morreu após ser atacado por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa, no último domingo de 29 de dezembro. A liberação do documento encerra a primeira etapa da investigação, trazendo esclarecimentos técnicos sobre o que ocorreu.
De acordo com o IML, Gerson morreu em decorrência de choque hemorrágico causado pela perfuração dos vasos cervicais, artérias e veias localizadas no pescoço. Os peritos concluíram que as lesões são compatíveis com mordida de um grande felino, o que confirma a dinâmica registrada em vídeo durante o ataque. O relatório também aponta que exames complementares, como análises toxicológicas e de identificação formal, seguem em andamento. Por isso, o corpo só será liberado para a família após a conclusão desses procedimentos laboratoriais.
O incidente ocorreu quando o jovem, que havia fugido de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) dois dias antes, invadiu o zoológico de forma deliberada. Conforme a perícia e as investigações preliminares, Gerson escalou um muro de mais de seis metros, ultrapassou cercas internas, subiu em uma árvore e entrou no recinto da leoa. A ação foi gravada por visitantes e funcionários, mostrando o animal mordendo o rapaz nas pernas e depois no pescoço. A leoa, segundo especialistas como a bióloga Marília Maia, teve um comportamento típico de defesa territorial e não chegou a se alimentar do corpo, afastando-se logo após o ataque.
A vítima tinha histórico de problemas de saúde mental e somava 16 ocorrências policiais, sendo dez delas registradas quando ainda era menor de idade. O histórico fez com que o caso também levantasse uma discussão sobre o acompanhamento de pessoas em situação de vulnerabilidade e os riscos decorrentes de fugas de unidades de apoio e tratamento.
A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) determinou o fechamento imediato da Bica após o ataque, para remoção do corpo e início das investigações internas. Em nota, reforçou que o espaço permanecerá fechado até que todas as análises técnicas sejam concluídas. “Prezamos pela transparência e pelo compromisso com a segurança de nossos visitantes, colaboradores e animais”, informou o órgão.
Com o laudo divulgado pelo IML, as autoridades agora aguardam os exames complementares para finalizar o procedimento médico-legal e liberar o corpo à família. O relatório também deve integrar o inquérito conduzido pela Polícia Civil, que apura eventuais falhas de segurança e a dinâmica exata da invasão.
O caso segue repercutindo por sua gravidade, pelas circunstâncias que envolveram a entrada do jovem no recinto e pela necessidade de reforço nas políticas de cuidado e prevenção envolvendo pessoas com transtornos mentais e ambientes de risco.
