Vice-presidente afirmou que “o tempo das promessas já passou” e pediu urgência na transição energética e no fim do desmatamento ilegal durante abertura do segmento ministerial da conferência, em Belém.
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), reforçou nesta segunda-feira (17) a necessidade de ações imediatas para conter a crise climática e acelerar a transição energética global. Ao abrir o segmento de alto nível da COP-30, em Belém, ele defendeu que os países tripliquem a produção de energia renovável e dobrem a eficiência energética até 2030, como parte de um esforço para reduzir a dependência mundial de combustíveis fósseis.
“O tempo das promessas já passou. Cada fração de grau de aquecimento representa vidas em risco, mais desigualdade e perdas para quem menos contribuiu com o problema”, afirmou, diante de delegações de mais de 190 países.
A fala ocorreu no mesmo dia em que a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo de alta qualidade na Bacia de Campos, fato que reabriu debates sobre a expansão de combustíveis fósseis no Brasil — inclusive após o licenciamento da Margem Equatorial, na foz do Rio Amazonas, aprovado pelo Ibama em outubro.
Transição energética e “mapa do caminho” global
Alckmin afirmou que o principal compromisso da COP-30 deveria ser um “mapa do caminho” (roadmap) para orientar a transição energética e o combate ao desmatamento ilegal. O plano, segundo ele, deve definir etapas, metas e responsabilidades claras.
O roteiro defendido pelo Brasil incluirá:
- fim da dependência de combustíveis fósseis, com aceleração da expansão renovável;
valorização das florestas tropicais, com foco em bioeconomia e recuperação de áreas degradadas;
forte cooperação entre governos, empresas e comunidades locais.
“Somente em um mutirão lograremos mudar mentes e realidades”, disse.
Apesar do avanço das fontes limpas, Alckmin alertou que a capacidade mundial de energia renovável ainda é “metade do necessário” para cumprir a meta de 2030.
Desmatamento e responsabilidade do Brasil
O vice-presidente ressaltou que o país chega à COP-30 com redução de 50% do desmatamento da Amazônia e com a matriz energética mais limpa entre as grandes economias. “Somos guardiões de um dos maiores biomas do planeta. A Amazônia é peça vital do equilíbrio climático global”, declarou.
Financiamento climático e o TFFF
Alckmin também defendeu o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa brasileira que pretende captar cerca de US$ 125 bilhões em investimentos privados. A lógica é permitir que os rendimentos das aplicações financeiras financiem países que mantêm suas florestas em pé.
O mecanismo prevê que a diferença entre o que é pago aos investidores e o retorno das aplicações — o spread — seja transformada em pagamento direto a quem preserva áreas florestais, proporcionalmente ao território conservado.
“O tempo de agir é agora”
O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, também pediu rapidez nas negociações: “Não podemos perder tempo com manobras táticas ou obstrução. O tempo da diplomacia meramente formal já passou”.
Alckmin concluiu reforçando o apelo à comunidade internacional: “Nosso dever é garantir que a ação climática global seja guiada pela ética da responsabilidade, unindo ciência, solidariedade, progresso e dignidade. O tempo de agir é agora”.
